Folclore brasileiro

Em tempos de Halloween, Ação de Graças ou mesmo Natal, é de se esperar que crianças fiquem encantadas por essas personagens e lendas criadas lá em outros cantos do mundo.

Não que me incomode com isso: boas histórias, a meu ver, independem de fronteiras ou idiomas de origem. Nunca comprei muito esses movimentos que tentam abolir comemorações de datas gringas “a favor” das brasileiras (como trocar o Halloween pelo Dia do Saci), como se nossa cultura precisasse de uma espécie de “política de cotas” para se tornar interessante.

Por outro lado, sempre achei as histórias do nosso folclore riquíssimas, belíssimas e perfeitas para crianças. Como fazer para atrair o interesse delas, então?

Descobri em casa: esperando o próprio interesse aflorar naturalmente.

Dia desses, minha filha mais velha começou a me pedir livros e mais livros sobre o Curupira, o Saci, o boto e tantos mais personagens brasileiros que permeiam histórias incríveis.

Para ela, o fato de serem ou não brasileiros importa pouquíssimo – o que conta, afinal, é o conto!

A partir daí, foi só contar e extrair olhares empolgados, curiosos, entusiasmados.

Que esse hábito perdure!

Dê livros no Natal

Se você tem um filho(a) pequeno(a), são grandes as chances dele(a) receber toneladas de brinquedos neste Natal por parte dos tios, tias, avós e familiares em geral.

Nada contra brinquedos, claro – mas não pude deixar de notar, nesses últimos 5 anos desde que virei pai, o quão pouco duradouros eles são. E não digo isso pela qualidade técnica: falo da utilização prática mesmo.

Quando nós éramos menores, as opções disponíveis de brinquedos eram poucas: tínhamos uma meia dúzia com as quais nos divertíamos por meses a fio. Hoje, no entanto, qualquer visita a uma Ri-Happy na esquina nos apresenta a centenas de lançamentos diários tão impressionantes quanto caros.

As crianças, claro, se encantam. Os pais compram. As crianças brincam por alguns dias. Aí, quase que imediatamente depois, elas se deparam com um novo lançamento – seja em uma vitrine ou na TV. Surge uma nova demanda e o ciclo começa de novo.

E o brinquedo que havia sido comprado? Vai para a pilha que acaba rapidamente caindo na vala do esquecimento.

A abundância gera o desperdício.

Não tenho nada contra brinquedos, acreditem – mas tomei uma decisão importante neste Natal: trocarei trecos por histórias.

Não que minha filha não vá ganhar trecos, brinquedos: seu sorriso imediatista certamente será desenhado por presentes da família. Eu, no entanto, preferirei dar algo que dure mais tempo: uma história.

O que é esse “mais tempo”? No caso de uma história, o infinito de sinapses geradas na escuridão do cérebro infantil já a partir de uma única leitura. Perdoem o clichê, mas é mesmo verdade que livros duram para sempre. Pollys e Shopkins, não.

E quando digo história, quero dizer história mesmo. Nada de livrinhos interativos que fazem pedaços de papel saltarem a cada página folheada ou de coleções de adesivos inúteis: quero algo que faça a imaginação da minha filha dar forma, por conta própria, às palavras que ela ouvir.

Nada também de ebooks que cantam e fazem barulho: para uma criança pequena, entrando na fase de alfabetização, menos é mais. quanto mais interatividades eletrônicas existirem, mais ela exercitará os dedos e menos o cérebro.

Neste Natal buscarei o exato oposto.

Neste Natal o presente será algum livro incrível.

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