Há excesso de responsabilidades?

9 entre 10 pais – e estou sendo generoso aqui – dizem que um dos maiores desafios que tem é ensinar os filhos a terem responsabilidade.

Não quero menosprezar a tarefa: em um mundo tão cheio de volubilidades, onde tudo é tão efêmero, sob demanda e ao alcance, entender o conceito de responsabilidade certamente é algo dificílimo.

Mas, às vezes, erramos na dose.

Afinal, enquanto discutimos com os nossos filhos para que eles cuidem melhor dos seus brinquedos, para que mantenham os quartos impecavelmente arrumados, para que limpem as suas bagunças – tudo absolutamente coerente, acrescento – também os entulhamos de aulas e atividades como ballet, judô, técnicas circenses, inglês, espanhol, futebol, piano.

Sim, tudo faz parte da educação. Não questiono isso. Mas deve haver algum limite, alguma linha a partir da qual o peso se torna excessivo. Comecei a perceber isso em casa.

Lá, enfrento os mesmos desafios que, provavelmente, qualquer pai normal. Mas comecei a observar um pouco mais a minha filha mais velha, de 5 anos (a mais nova ainda não completou dois meses de vida). Ela brinca como qualquer criança, diverte-se insanamente, é hipercriativa, inteligente e tudo mais que um pai coruja pensa de sua cria.

Mas, fora de todo esse círculo de elogios, ela também está acumulando momentos de um tipo de cansaço que comecei a considerar excessivo para uma menina tão nova. Esse cansaço não se traduz só em sono, claro: há momentos de malcriação mais fora de contexto, há unhas sendo roídas, há uma ansiedade por acontecimentos futuros tamanha que começamos a evitar contar novidades até que elas estejam prestes a acontecer.

Isso tudo nos fez pensar que, talvez, esteja na hora de diminuir um pouco o rol de tarefas, de aliviar o estresse que nós, pais, às vezes nem nos damos conta de estarmos gerando.

Ainda não sei como e nem o que… mas toda história, todo enredo começa com algum problema posto à frente de seus protagonistas. Certo?

Eis o nosso: dar mais espaço para que uma criança possa ser um pouco mais… criança.

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Como escolhemos os nossos livros?

Confesso que descobri o que agora escrevo apenas depois de ter virado pai. Há teorias, afinal, que só fazem sentido mesmo com a prática.

Sempre tive o hábito de ir com minha filha a uma livraria perto de casa para escolher alguma história interessante. Desde cedo, minha maior batalha nesses pequenos templos do saber era fazê-la escolher livros mais ricos do que coletâneas de adesivos ou mesclas de histórias com quebra-cabeças.

Mas, na medida em que íamos desbravando as prateleiras juntos, sempre me deparava com histórias assustadoramente ruins. Para ficar apenas em um exemplo, há uma infinidade de contos com bruxas e seres malignos que simplesmente não tem um ‘final’, um encerramento qualquer que evite que a criança passe semanas a fio se perguntando se algum ser maligno aparecerá em seu quarto à noite para devorá-la.

Teóricos e pedagogos podem fazer qualquer defesa para obras assim – mas, como pai, posso assegurar que crianças, principalmente as mais novas, precisam compreender o conceito de começo-meio-fim até para aprender a separar a fantasia da realidade.

Há outros fatores em jogo também, claro: a qualidade das ilustrações, a resistência das páginas, o volume de texto e, claro, a mensagem implícita no enredo. Fatores como esses foram os que mais levei em conta na hora de criar esse novo negócio, a Fábrica de Historinhas. Não queria que as nossas histórias fossem apenas seleções aleatórias das mais vendidas: queria que todas fossem meticulosamente selecionadas de acordo com o olhar de quem tem filho e não de uma editora.

E acabamos chegando a uma seleção inicial que julgo incrível, com muitos dos livros exclusivos para a nossa plataforma.

Sabe outro ponto importante? Pais não podem escolher livros às cegas: é importante que saibamos como a história se desenrola até para entendermos se ela é ou não ideal para nossos filhos.

Aqui, portanto, não haverá surpresas nesse sentido: os livros que entregamos mensalmente à base de assinantes estão todos abertos para visualização no site, bastando acessar a área de ‘nossos livros’.

Espero que gostem tanto quanto nós gostamos! 🙂

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