Já começo pedindo perdão pelo título, pretensioso demais para o que realmente pretendo escrever aqui.
Faz algumas semanas, instalamos no iPad da Isa, minha filha mais velha de 5 anos, o Youtube Kids. O objetivo: permitir um pouco de independência em sua navegação pela Internet uma vez que ela poderia fazer buscas por voz e que nós poderíamos contar com algum tipo de censura quanto a conteúdos… digamos… inapropriados.
O que eu não contava é que isso nos permitiria viajar fundo na maneira com que o cérebro de uma criança é articulado em nossos dias.
Vamos a exemplos:
Quando ela quer buscar algo sobre o famigerado Spinner, por exemplo, ela não fala “Spinner”: ela fala “coisas maneiras”, na esperança de achar não apenas o brinquedo em si como também conteúdos semelhantes. O Youtube, cujo algoritmo de busca é simplesmente genial, entende isso perfeitamente e entrega como resultado exatamente o que ela quer.
O que mais ela busca? Conteúdos estilo “do-it-yourself” em versão kids, exemplos de brincadeiras com bonecas ou simplesmente ideias para se passar o tempo quando está entediada. Tudo em uma linguagem que, para nós, adultos, soa ilógica e fadada a levá-la a lugar nenhum.
Não é que crianças tenham ideias diferentes de adultos – essa verdade é verdade desde que o mundo existe. É que agora – pelo menos essa foi a minha conclusão – os diálogos internos delas, a maneira com que elas raciocinam, é absolutamente distante do que nós, que nascemos antes da era digital, estamos efetivamente preparados para entender.