Dia desses peguei um livro que uma amiga minha, enquanto estava viajando pelo Atacama, comprou de presente para a minha filha.
O livro era sobre uma indiazinha que cuidava de llamas e que, um dia, acabou sendo levada por uma tempestade para além das montanhas nevadas e precisava achar de volta a sua casa. A história em si era semelhante às tantas que existem por aqui: falava de medo de abandono, da importância do amor como forma de se enxergar no mundo etc. Nesse caso, no entanto, não era a história que importava tanto: eram os referenciais.
Certamente, a história de uma indiazinha no Atacama deve ser extremamente familiar para chilenos – mas, para uma criança brasileira, pouca coisa poderia ser mais exótica. Enquanto eu ia traduzindo os textos a partir do meu próprio portunhol atravancado, Isa viajava nas imagens das llamas, nas montanhas que se confundiam com nuvens, de tão altas, nos desertos de sal, na própria figura de uma índia andina tão diferente das “nossas”.
Não foi uma história de dormir: foi uma viagem pelo imaginário de um outro mundo feito especialmente para crianças.
Foi uma experiência fenomenal.
Acrescentei, com isso, um item fundamental para qualquer viagem: uma visita a livrarias locais onde possamos escolher novas histórias que abram novos mundos para crianças.
O que mais podemos fazer por elas, afinal, senão abrir esses mundos?