“Papai, não quero que meus filhos saiam da minha barriga”.
Minha filha disse isso há pouco mais de um mês, quando fomos ao hospital ver o meu sobrinho chegar ao mundo. Não havia me dado conta do quão disruptivo para uma criança deve ser essa imaginação do parto.
Há, afinal, uma criança que cresce (sabe-se lá exatamente como) dentro de uma barriga – e uma saída para o lado de fora que, a julgar pelas contrações e pela óbvia suposição de um corte, certamente traz dores alucinantes.
Sim, mais de 30 dias se passaram – mas em mais 30 dias, aproximadamente, sua irmãzinha também nascerá, repetindo essa imaginação aterrorizada do que é um parto em sua mente.
Como qualquer pai faria, tentei explicar da maneira mais inteligível possível como se dá esse processo todo e como, no final das contas, ele é sempre bom. Não senti muita confiança no seu olhar: sendo homem, o que poderia eu saber de uma gravidez?
Minha mulher também tentou e, apesar de ter mais sucesso que eu, não conseguiu tirar esse medo da sua pequena mente.
Preciso recorrer a livros infantis, a historinhas que elaborem isso melhor.
Difícil é achar algo nessa linha.
